fumaças e labaredas

Text Box: na sequencia do incêndio que em Abril 2004 deflagrou no FMT (centro de tratamento de fumos) do smelter Hillside (Richards Bay, RSA), a BHP Billiton decidiu-se pela alternativa de um by-pass durante 59 horas.
Previamente autorizada pelo DEAT (Department of Environmental Affairs and Tourism), a manobra ocorreu em Outubro 2004 e caracterizou-se pela emissão de incontroladas doses de poluentes vários – e pela divulgação em Richards Bay de um comunicado da alumineira sugerindo “aos asmáticos e outros com problemas respiratórios” que permanecessem recolhidos em suas casas.

Ainda mal refeitos da dose cavalar de gases e químicos de Outubro 2004, em Fevereiro 2005 os habitantes de Richards Bay são surpreendidos com novo requerimento da Hillside Aluminum para mais um by-pass neste gémeo da Mozal.
Tudo indica que as operações de emergência não terão corrido bem e, para a Billiton, a população teria que “fazer mais um esforço pulmonar”. Felizmente, e para surpresa geral, o DEAT recusou-se a autorizar este novo escapismo alumineiro.

Sobre este assunto, tive oportunidade de conhecer a opinião da Mozal (ver text box). E o que dela retenho dela preocupa-me um pouco.
Basicamente por duas razões: desde logo pela enfatuada soberba tecnológica do marketing Mozal. Mas sobretudo porque, assim à distancia, os factos parecem indicar que a Billiton, um recém chegado às fundições alumineiras, poderá não dominar perfeitamente a intervenção correctiva e/ou alguns sectores críticos da manutenção proactiva – como sugerível pelo caso Hillside.

Mas também porque todas as evidencias sugerem que a Billiton escolhe sempre a prioridade dos seus interesses imediatos – mesmo que seja à custa da saúde dos muitos outros.

josé lopes

 

Resposta Mozal (via e-mail novembro 2004)

 

 

O incendio em Hillside foi motivado pelo acumulo de material originário da queima incompleta das fracções leves do piche  (aglutinante das diferentes fracoes do coque)  as quais evoluem normalmente no processo de cozimento do anodo. A queima incompleta das fracçõoes leves do piche acontece principalmente quando há demora em mover os “fires” devido a avaria da ponte rolante. Como este material não foi retirado através de um plano de limpeza preventivo adequado a quantidade de material gerado gerou o incendio no “main ring” e na chaminé.

O plano preventivo de limpeza em Hillside foi basicamente revisado e situacoes como estas foram devidamente  corrigidas.

 

Não vemos este fenomeno acontecer aqui na Mozal devido a:

 

Na Mozal os fires delay são praticamente inexistentes. Hillside teve uma historia de até em media 3 horas em média por dia nos idos de 1998/1999.

Na Mozal os dutos e o tratamento de gases são limpos de uma forma períodica não havendo acumulo de material o qual pode causar um fire como o de Hillside.

Na Mozal, quem opera os fornos de cozimento também opera o tratamento de gases, havendo portanto uma perfeita sinergia no que concerne a manutencao.

 

Gostaria de alertar, que fire em forno de cozimento pode acontecer por diferentes causas. Podemos porém garantir que os sistemas existentes na Mozal hoje cobre todas as possibilidades conhecidas.

 

Com relacao ao cenário produtivo de 500 para 750 TPA devo salientar que acidentes desse tipo não estão ligados ao tamanho da fábrica ou capacidade nominal mas diretamente ao nivel operacional e a sistemas colocados para evitar tais acidentes. Devido aos sistemas ja colocados e ao nível de excelencia operacional da Mozal ( reconhecido mesmo pelos competidores) um acidente deste tipo muito dificilmente  podera  acontecer.

 

Neste tipo de casos de incendio, não existe plano de contigência. Se o main ring é afetado de tal forma que não se possa manter a retirada dos gases do forno então o forno é desactivado até que o main ring seja re-estabelecido. No caso do FTC ser afectado então pode haver dois cenarios:

 

Primeiro onde o sistema de by-pass não é afectado e assim faz-se o by-pass enquanto se conserta o duto

Segundo o fogo não danifica o FTC de tal modo que pode se continuar operando o forno até que se finalize os planos de recuperação ( como o que aconteceu em Hillside) e aí se coloca o forno em by-pass por 56 horas até os reparos serem feitos exactamente como aconteceu em Hillside.

 

Por último gostaria de recebe-lo na nossa fabrica de forma que possamos demonstrar como que nossos fornos são operados no nível de excelencia do qual nos orgulhamos.

 

 

relativamente a este tipo de acidentes nunca anteriormente antecipado pelos vários estudos ambientais Billiton, coloquei via e-mail 28 outubro 2004 a seguinte pergunta à Mozal:


Tendo presente, por exemplo o recente incêndio no FTC em Hillside e bypasses de Outubro 2004, quais são, na opinião da Mozal, os worst-case scenarii ambientais susceptíveis de ocorrência num horizonte produtivo de 506 a 750,000 TPA de alumínio ?

Quais os respectivos planos de contingência ? O MICOA está informado deles ?

 

 

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abril 18, 2005