as certezas da EDM


quando em fevereiro 1927

Werner Heisenberg escreveu as suas relações de incerteza, mal ele sabia que, a 5 agosto 2004, a administração EDM as viria a banir da sua matriz de planeamento.

Data em que, numa extensa entrevista ao Diário de Moçambique, o PCA da Electricidade de Moçambique (EDM) nos brindou com algumas pérolas do seu planeamento eléctrico.


A entrevista - que foi profusamente distribuída em inglês pelos serviços AIM - ocorreu numa altura em que é extremamente complexo o ambiente decisional da electricidade em Moçambique  - e na região SADC

E quando se esperava que a EDM finalmente explicitasse o seu momentum empresarial, o PCA limitou-se a oferecer pessimismo imobilista - e indecisão estratégica.


Estranhamente anunciava-se que, ao invés de a incerteza ser trabalhada como uma inescapável nuvem de probabilidade, o planeamento EDM passava a censurá-la na matriz decisional. Ocorre que, lamentavelmente, todas estas dúbias certezas poderão enevoar alguns desenvolvimentos estratégicos.


Particularmente quando, ao se falar em nome duma empresa pública de electricidade, e a propósito de várias solicitações de energia, o PCA da EDM diz assim:


  "Eu (sic) tenho a Corridor Sands que precisa por aí de 150 até 300 MW. Não tenho !

A Mozal quer avançar com a terceira fase e precisa de 300 à volta de 500 MW. Significa que se esses projectos arrancarem amanhã, em termos de construção civil, eu não tenho energia para dentro de 2 ou 3 anos para satisfazer. Temos que fazer essa previsão."


Como solução, o PCA da EDM prefere uma via dita de prevenção:


"O que estamos a alertar é que na região, tanto na África do Sul, como em Moçambique, Zimbabwe, Botswana, por aí fora, não temos energia para novos projectos.


Nós não queremos criar alarme, o que nós estamos a querer fazer é sensibilizar todas as partes envolvidas de que alguma coisa tem que ser feita. Se nada for feito vamos ter crise, mas, por enquanto não há crise, temos alguma reserva que vai até ao ano 2007. Mas 2007 é depois de amanhã, não é tão longe e para fontes de energia temos que planificar com oito, nove, dez anos, não em cima do joelho ..."


referiu o PCA que lidera a EDM há mais de doze anos.




josé lopes


num oásis de certezas

novembro 2004



obsv: note-se que a Mozal iniciou já os preparativos para lançar a Mozal fase 3, o que mostra que a alumineira sabe onde vai buscar os seus MWs. Sabe-se também que alguns dos outros continuam em avançadas discussões com as competidoras da EDM.

photo      Refiloi Motsapi


a ZESA, a China e a Eskom


quando em Fevereiro de 2004 a Eskom e a HCB decidiram não renovar os seus contratos de fornecimento de electricidade à ZESA (Zimbabwe Electricity Supply Authority) - até que esta lhes pagasse os mais de 50 milhões de USD de dívidas em atraso - o governo do Zimbabwe já havia assinado um memorandum de entendimento com duas companhias chinesas para relançar o seu parque de geração eléctrica.


Num gesto que foi considerado como "uma bofetada" aos velhos interesses da Eskom, em Novembro 2004 a ZESA concluiu finalmente um acordo com a CATIC (China Aero-Technology Impex Corporation) outorgando-lhe os direitos de exploração da mais importante central zimbabweana - Hwange.


O acordo prevê a imediata injecção de USD 70 milhões destinados a melhorar e expandir a mineração na Wankie Colliery bem como o restabelecimento dos sistemas de fornecimento de carvão à central de Hwange cuja produção não tem ultrapassado os 480 MW (de um total de 920 MW instalados) devido a constantes problemas no fornecimento de carvão.

O acordo prevê igualmente a formulação de estudos de viabilidade relativos à instalação de dois novos grupos de 300 MW de potência unitária.


No mesmo contexto, um outro acordo foi estabelecido entre a ZESA e a CETIC (China Electric Technology Impex Corporation) com vista à reposição de dois grupos de 150 MW na central hidro-eléctrica de Kariba (sul) - uma central cuja potência nominal chegou a atingir os 750 MW.


Embora a ZESA refira que estes acordos se inserem no quadro de um empréstimo chinês de longo prazo, a maioria dos analistas insiste em que a contrapartida desta operação chinesa orçada em USD 543 milhões será a cedência de 70% da posse das centrais de Kariba (south) e Hwange - para além da concessão de direitos de mineração de carvão em Chaba.


Entretanto, Dr. Gata (CEO da ZESA) admitiu que a pretensão das Eskom em trocar a sua dívida por acções da central de Hwange não faria qualquer sentido para a ZESA uma vez que a produção desta central se destina a consumo interno do Zimbabwe.


Para ele, as discussões com a Eskom deverão antes centrar-se no investimento numa nova central hidro-eléctrica em Batoka no Rio Zambeze (1.2 biliões de USD para 1600 MW) e numa nova central a carvão de 1400 MW em Gokwe North.


Com uma demanda de ponta na ordem dos 2100 MW e uma capacidade de geração que actualmente não vai além de 1200 MW, o Zimbabwe tem sido forçado a importar mais de 35% das suas necessidades eléctricas - a partir da Eskom, HCB e SNEL (DRC).



fontes: Financial Gazette e Business Times

elektro papos

xitizap # 16 | princípios de incerteza | as certezas da EDM | mozal - uma acta de outubro 28 | … contingências e a mozal | soda water | links & downloads