Moyo queima os dedos
Analysis, by Dumisani Muleya Mail & Guardian (june 11-17, 2004) tradução livre por xitizap
Jonathan Moyo – o propagandista em chefe de Mugabe – foi bloqueado pela velha guarda da reinante ZANU-PF quando, à cotovelada, ele tentava ascender aos escalões de topo do poder político.
A reacção deu-se quando, em antecipação ao critico congresso do partido Zanu-PF previsto para Dezembro, Moyo começou abertamente a encenar um teatro de poderes. O congresso realizar-se-á numa altura em que Mugabe indicou que abandonará a presidência do Zimbabwe no termo do seu presente mandato.
Ultimamente, Moyo tem vindo a fazer claras tentativas para construir a sua própria base de poder nas zonas rurais de Matabeleland Norte – sua área de origem. No processo, Moyo acabou por entrar em conflito com poderosos rivais do seu próprio partido.
Moyo recentemente entrou em choque com o vice-presidente do Zimbabwe Joseph Msika após a apreensão governamental de mais uma propriedade rural, Kondozi. Apesar de Moyo ter conseguido ficar com as terras e bens, Msika advertiu-o de que não se deixará derrotar por “pequenos rapazitos imorais”.
Este conflito de alto-nível, que foi largamente interpretado como uma evidencia da luta pelo poder, aprofundou as divisões entre as várias facções da ZANU-PF. E Moyo deitou ainda mais achas para a fogueira quando, há três semanas, lançou um finamente velado ataque ao porta-voz da Zanu-PF Nathan Shamuyarira.
No diário The Herald – propriedade do governo – Moyo criticou a entrevista dada por Mugabe à britânica Sky News, qualificando como “ultrapassados” aqueles que ainda acreditam que é melhor promover os interesses do Zimbabwe através dos media “coloniais e imperialistas” - do que fazê-lo através dos media locais.
Isto foi visto como um autentico bombardeamento contra Shamuyarira, que foi quem facilitou a entrevista sem qualquer aprovação por parte de Moyo.
Na sua explosiva reacção, Moyo sugeriu igualmente que Mugabe havia desperdiçado tempo ao responder a questões de “operacionais da secreta britânica mascarados de jornalistas” – questões que eram “muito grosseiras ou muito estúpidas”. O que também foi considerado como um ataque a Mugabe - o que acabou por enfurecer ainda mais os líderes da Zanu-PF.
Shamuyarira, o confidente de Mugabe e ele próprio um antigo jornalista, aparentemente pensa que se Mugabe puder falar aos media globais isso poderá ser útil na reversão da publicidade negativa de que hoje é objecto o Zimbabwe.
Em contraste, Moyo parece pensar que a exposição de Mugabe a longas entrevistas com media “hostis” só poderá piorar a situação, especialmente numa altura em que o presidente parece estar a perder o controle em muitas questões.
Tal como o demonstrou nos últimos três anos, a estratégia de Moyo tem sido a de erguer barreiras à volta de Mugabe, e controlar o livre fluxo de informação.
Dando seguimento às suas repressivas leis de imprensa, que resultaram no banimento do Daily News e de outros jornais em janeiro, o governo zimbabweano planeia agora novas medidas com vista a amordaçar a Internet - e a comunicação por e-mail. O governo visa atingir os provedores de serviço Internet, que em breve poderão ser forçados a divulgar a fonte de qualquer e-mail que possa ser considerado como objectável, não-autorizado ou obsceno.
Os novos regulamentos significam que os provedores de serviço Internet (ISPs) terão que assinar um contrato concordando em cooperar com as autoridades no rasteio das fontes de e-mails “ofensivos”. Tal contrato proibirá também o desenvolvimento de quaisquer “actividades anti-nacionais” por parte dos ISPs. Mas a maioria das empresas de Internet juraram já que resistirão a qualquer impulso censório oficial.
O choque entre Moyo e Shamuyarira despoletou uma série de acontecimentos que parecem ter conduzido Moyo ao isolamento. Considera-se que o ataque a Shamuyarira forçou John Nkomo, chairperson da Zanu-PF, a lamentar-se na sua coluna semanal no jornal do seu partido -The Voice - da falta de disciplina e insubordinação.
Moyo é visto como sendo o alvo destes lamentos. A temperatura subiu na passada semana quando Nkomo foi aberta e violentamente criticado no The Herald pelos veteranos de guerra – a propósito das brigas em torno de terras e propriedades rurais. E Joseph Chinotimba, o líder dos veteranos de guerra atacou Nkomo acerca do assunto.
Furiosos com a crescente tendência de ataques aos membros seniores do partido, os chefões da Zanu-PF cerraram fileiras e confrontaram Moyo durante a reunião do politburo. Insiders referem que Shamuyarira pôs a questão na mesa face a luminárias como Msika, ao mesmo tempo que o reformado General Solomon Mujuru – largamente considerado como o king maker da Zanu-PF – dirigiu o ataque a Moyo e outros “quadros indisciplinados.”
Fontes da Zanu-PF referem que o ataque no politburo deixou Moyo enfraquecido e isolado. E, após a reunião do politburo, Nkomo escreveu uma outra coluna insistindo na necessidade de “os membros do partido respeitarem as hierarquias.”
Na semana passada, a situação de Moyo piorou ainda mais quando Mugabe declarou que serão rejeitados os membros do partido que vierem a ser processualmente mal nomeados como candidatos Zanu-PF nas eleições gerais do próximo ano.
Moyo é um deles. Os seus apoiantes em Matabeleland Norte recentemente clamaram que ele havia sido nomeado por “consenso”, numa manobra vista como uma tentativa para o ajudar a evitar as eleições primárias internas. Diz-se que os chefões da Zanu-PF estão a preparar-se para bloquear Moyo nas primárias com vista a garantir que ele permaneça um mero deputado designado – e sem poder.
Contudo, alguns observadores referem que, apesar destes descalabros, Moyo ainda não está acabado - porque Mugabe continua a precisar dos seus serviços como spin doctor. |
após ter amordaçado tudo o que no Zimbabwe era voz independente,
Jonathan Moyo prepara-se agora para ensaiar ataques à Internet - e aos seus colegas de partidão.
… e vai levar uma sova muito maior do que a que levou em Maputo. |
xitizap # 13 junho 2004 |
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