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o golpe CREDELEC
Para além da simplificação que empresta à linguagem das sociedades, sempre me fascinou a vertiginosa velocidade com que se expande a digitalização, e a plausibilidade que ela traz à secular aspiração de queimar etapas.
Assim é com o acesso à informação e conhecimento, com a disponibilidade das transacções sociais e económicas, e com o dever de transparência que se vai impondo aos poderes - por exemplo.
Curiosamente, entre outras falhas, a digitalização não tem trazido tranquilidade ao mundo – antes pelo contrário, segundo alguns. E ainda há dias os media reportavam a emergência da primeira geração de vírus nos telefones celulares – o Cabir, via bluetooth.
Interrogado quanto ao impacto destas novas plataformas de malandragem, um dos gurus da digitalização considerava que a novel insegurança exigia um ataque a dois níveis: o constante refinamento das defesas digitais e, sobretudo, a absoluta transparência por parte dos prestadores de serviços ... públicos em particular.
Estranhamente, em pleno milénio III, a para-estatal EDM (Electricidade de Moçambique) aposta exactamente no contrário. Ou seja, ao invés de ensaiar diálogos com o mercado, e com o público, a EDM insiste na sistemática camuflagem das suas deficiências - como no recente caso dos condomínios de Maputo, por exemplo.
É assim com a qualidade do serviço que a EDM presta aos seus desprotegidos consumidores, é assim com a qualidade das obras que ela contrata por milhões USD – como o caso da linha 110 kV Infulene-Lindela relativamente à qual a EDM se recusa a publicar o resultado dos seus inquéritos, é assim com a auditoria às suas contas. Só não é assim quando se agravam tarifas.
Em absoluta coerência, a EDM adoptou a mesma postura em relação ao Golpe Credelec – um sistema de pagamento prévio de electricidade. Pelo menos, nada foi referido pela empresa, ou pelos media locais.
O caso conta-se em poucas linhas. Quando há 2 ou 3 semanas digitei o código do pacote de kWhs que havia comprado minutos antes, constatei que a actualização do sistema não funcionava. Alguns telefonemas depois, soube que tudo se devia a uma incompleta reprogramação do software ordenada pela EDM na sequência da detecção de uma fraude no seu sistema.
Mais 2 ou 3 telefonemas permitiram-me ficar a saber que um dos terminais Credelec havia sido desviado há mais de 8 meses, e que ainda era possível comprar, e a preços reduzidos, pacotes de electricidade em qualquer dumbanengue ou bazar.
Embora irritado com uma perspectiva de blackout confesso que achei alguma graça à veloz sofisticação da malandragem digital – e à lenta reacção da analógica EDM.
Graças à eficácia de um turno de piquete que já se digladiava com uma imensa lista de clientes nas mesmas condições, o meu problema foi rapidamente resolvido. Infelizmente, continuo a chuchar no dedo à espera da estória toda – sobretudo porque este é um thriller tecnológico que merece ser bem contado.
josé lopes
xiquelene junho 2004 |
FODER
é a sigla de um projecto recentemente formulado pela EDM.
Após 12 anos de ininterrupta gestão, esta acomodada administração EDM parece ter finalmente concluído que não consegue gerir sistemas eléctricos.
Em consequência,
Fortalecer, Operar, Desenvolver, Expandir, Reabilitar as redes de distribuição MT e BT da grande Maputo são os conceitos-chave de um First-Agreement assinado pela EDM com um elusivo grupo privado.
A fase de investigação inicial estava programada para Maio/Junho 2004. Até à hora de fecho desta edição xitizap nenhuma informação havia sido tornada pública. |
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