xitizap # 22

Cahora Bassa: um bom acordo

o valor da HCB

Arquimedes e o Zambeze

Dr. Strangelove na Mozal

mundo ao avesso

rapidinhas

 

 

Arquimedes e o Zambeze

 

uma das grandes vantagens da reversão accionista da HCB reside na tranquilidade que ela traz ao planeamento eléctrico em Moçambique.

E este é um requisito fundamental para que no Zambeze se possa repor uma lógica que abrigue, não apenas decisões hidroeléctricas mais transparentes, mas, e sobretudo, uma visão holística da grande bacia do Zambeze – a montante e jusante de Cahora Bassa, incluindo as planícies húmidas e o delta do Zambeze.

Por várias razões, esta é uma tranquilidade que tem rareado.

Nomeadamente durante os últimos anos, época em que o Zambeze foi palco de conceitos diferentes, e frequentemente contraditórios em termos de planeamento hidroeléctrico; em particular quando se exaltam méritos ou deméritos de uma ou outra hipótese de empreendimento, como no caso Mphanda Nkuwa versus Cahora Bassa Norte. Ou mesmo no caso de qualquer uma destas versus nenhuma nova hidroeléctrica nos próximos tempos.

E muito embora ainda não tenham sido tomadas decisões irreversíveis, existe a ideia de que, por vezes, se anda lá perto – muito perto.

O que, em minha opinião, representa um grande risco – e um risco a evitar quando, em estudos diferentes realizados na mesma altura (2001-2003) sobre os mesmos assuntos (Mphanda Nkuwa e Cahora Bassa Norte), os números fundamentais não batem certo; havendo alguns que até parecem feitos por encomenda.

No mínimo, isto sugere o risco de mega-decisões inadequadamente informadas – o que normalmente é meia picada para “elefantes brancos”.

Embora esta disparidade de números – que naturalmente representam interesses - possa ser um mero reflexo de divergências politicas quanto a Cahora Bassa pré-Novembro 2005, continua a parecer-me relevante desmistificar algumas falácias.

Falácias que, curiosamente, atravessam todos estes grandes estudos.

Como a do mercado eléctrico para-incremental por exemplo - suas mega-escalas, short-timings e super-elasticidades de kapital.

E esta minha posição não deriva de um casual cepticismo quanto a intensidades megawatticas. Ela deriva tão só de um luxo. Um luxo potenciado pela luxuriante riqueza energética de Moçambique. Um luxo que, à pergunta:

há energia para este projecto ?

Moçambique pode permitir-se responder:

se for bom, diga quando é que quer !

 

O que me remete para Arquimedes.

Porque, e parafraseando-o com respeitosas longitudes, à mesma pergunta talvez ele respondesse:

“mostre-me aonde e quais os diagramas dos seus consumos,

 que eu lhe mostro uma central eléctrica.“

 

josé lopes

dezembro 2005

 

ps – deliberadamente, tenho evitado qualquer referencia quanto à hipótese de uma central-a-carvão em Moatize. Ali mesmo, metros  ao lado de Cahora Bassa Norte e Mphanda Nkuwa.

E isto deve-se ao facto de, publicamente, a CVRD ainda não se ter pronunciado quanto aos estudos de viabilidade que actualmente conduz na bacia carbonífera de Moatize.

Tão logo se conheçam os detalhes, poder-se-á concluir se, sim ou não, tais resultados reforçam o risco de decisões mega-hidroeléctricas insuficientemente informadas.

 

 

 

 

recentemente, xitizap teve acesso a um paper deveras interessante sobre uma hipotética Central Norte em Cahora Bassa.

 

O paper, que sumariza as conclusões mais importantes de uma série de estudos elaborados em 2001/3 pela equipa que havia projectado a actual Central Sul de Cahora Bassa foi apresentado ao XXI Congresso da CIGB (Comissão Internacional das Grandes Barragens) em Junho 2003.

 

Pelo seu enorme interesse, xitizap publica

a comunicação integral (em PDF)

 

 

Cahora Bassa North Bank Power Plant

Design Review and Economic Evaluation

 

 

xitizap # 22

 

dezembro 2005

Text Box: entretanto, xitizap recorda que no site

 www.utip.org.mz

podem ser consultados alguns dos estudos relativos à Barragem de Mphanda Nkuwa que igualmente incluem apreciações sobre a Central Norte de Cahora Bassa.