xitizap # 46

da utilização das coisas

fragilidade Mphanda Nkuwa

espectro eléctrico

argentina 2008

xitizap # 46

(em trabalhos)

 

 

Fragilidade Mphanda Nkuwa

 

Nos últimos dias, Maputo tem sido varrido por um corrupio de marketing sugerindo que os promotores da barragem Mphanda Nkuwa, finalmente, tomaram consciência da fragilidade em que assenta a sua ficção hidroeléctrica.

 

Embora passível de registo, não deixa de ser muito preocupante que, conforme reporta o Notícias, esta súbita contrição reflicta um enorme vazio cognitivo quanto às fundações que sustentam o actual projecto Mpanda Nkuwa – isto apesar de por ali já se terem gasto mais de USD 20 milhões de fundos públicos em estudos e consultorias. Na realidade, e ainda segundo os promotores da mega-barragem, mas agora em declarações à estação STV, os bilionários estudos emprateleirados ao longo dos últimos dez anos seriam bons apenas para “consumo do governo”(?!), nem sequer servindo para se obter uma licença ambiental - daí talvez a razão porque se insistia em tanto secretismo.

 

Recorde-se que esta incapacidade de se responder a questões vitais tornou-se tão confrangedoramente notória que, após alguma pressão cívica, em Março 2009, os promotores Mpanda Nkuwa se viram compelidos a contratar uma “ avaliação que deverá apurar a existência ou não de questões fatais à implementação da obra e apresentar recomendações sobre aspectos a ter em consideração na fase seguinte, nomeadamente estudos de impacto ambiental e de engenharia”.

 

Daí que, perplexo, eu me pergunte:

 

se, tantos anos e milhões de dólares depois, permanece ainda tão frágil a fundação cognitiva que sustenta Mphanda Nkuwa, em que estado estará a matriz de valores que actualmente preside ao planeamento e comercialização eléctrica do Zambeze?

 

josé lopes

 

junho 2009

 

update Mphanda Nkuwa

(jul 30, 2011)

 

No design de barragens, encontros e relevantes componentes de segurança (descarregadores, descargas de fundo, etc.) utilizam-se os seguintes tipos de design sísmicos (Wieland 2005 *):

 

1. Sismo Operacional de Base (OBE)

2. Máximo Sismo Credível (MCE), Máximo Sismo de Projecto (MDE) ou Sismo de Avaliação de Segurança (SEE).

 

Actualmente, ainda existem consideráveis incertezas quanto ao comportamento de uma barragem sob um Máximo Sismo Credível (MCE) ou sob um Sismo de Avaliação de Segurança (SEE) e espera-se que nos próximos anos mais desenvolvimentos venham a ser feitos, e.g., nos seguintes campos:

 

. comportamentos inelásticos de barragens sob fortes MCE/SEE;

 

. design de barragens que resistam aos MCE/SEE incluindo o desenvolvimento de métodos simplificados para a avaliação da estabilidade dinâmica de barragens de betão já com rachas e da estabilidade dinâmica dos declives nos encontros das barragens;

 

. eficiente reforço da resistência sísmica das barragens existentes.

 

 

* fonte: Martin Wieland

 

(2005) Chairman, ICOLD Committee on Seismic Aspects of Dam Design, Poyry Energy Ltd., Zurich, Switzerlan;

 

Actualmente em Moçambique como Consultor da Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa (Coba/Impacto/ERM EIA 2011)

 

 

 in Notícias (29 Jul 2011)

 

Mphanda Nkuwa vai à consulta pública

 

O projecto da construção da barragem de Mphanda Nkuwa, sobre o rio Zambeze e a 50 quilómetros a jusante da Hidroeléctrica de Cahora-Bassa (HCB), no Songo, vai a debate público na segunda-feira nas cidades de Tete e Maputo (5 agosto 2011)

 

As reuniões, segundo a COBA/IMPACTO, têm por objectivo fornecer informação actualizada sobre o empreendimento e a apresentação dos principais resultados do Estudo do Impacto Ambiental (EIA), no qual estão identificados os potenciais impactos ambientais do projecto e as medidas para a sua mitigação, gestão e monitoria.

 

ps – para ser bem feito, este estudo vai ter que nos abrir uma apetitosa caixa de Pandora: normas de projecto e construção de mega-barragens, segurança de barragens em cascata, sismologia, fluxos ambientais e sociedades, inserção holística de Mphanda Nkuwa na bacia energética do Zambeze (carvão + hidro-electricidade), timings e extemporaneidades, viabilidades e putativos acordos de venda (PPAs), custos e preços … you name it! A ver vamos …

 

jun 2009

 

Richter e os Megawatts

 

No mercado de barragens, os custos do grau Richter continuam a crescer segundo escalas logarítmicas e, hoje em dia, em qualquer barragem do tipo Mphanda Nkuwa, a adopção de um Sismo Máximo Expectável (SME) tende a ser uma das mais tensas negociações entre civis, governos, e promotores privados.