xitizap # 12 | a HCB & outras dívidas | conversas da treta | contabilidade criativa | mozal - acta pessoal # 1 | mozal - acta pessoal # 2 | astro stuff | canapés de titânio | links & downloads |
a HCB & outras dívidas |
água & petróleo descubra as diferenças |
xitizap # 12 maio 2004 |
coincidências ? por três vezes, e no curto espaço de um mês, África regressou à contabilidade pública portuguesa. em Londres Angola firmou um financiamento bancário para pagar uma velha dívida comercial a Portugal (Estado e bancos). Tudo somado, um bilião e trezentos milhões de EURos garantidos por futuras remessas de petróleo Sonangol. no Forte S. Julião da Barra o comandante-em-chefe do CDS/PP desenterrou o espírito das coloniais cruzadas - e decretou compensações militares aos seus "ex-combatentes do Ultramar". Segundo os media, em menos de quatro legislaturas os valores ultrapassarão o bilião e setecentos milhões de EURos. em Maputo o primeiro-ministro português sugeriu a cobrança de um bilião e oitocentos milhões de EURos relativos a uma suposta dívida a Portugal - por parte de Moçambique, e a propósito de Cahora Bassa, uma obra estratégica na cruzada colonial de então. Para além de todas estas dívidas comungarem de guerras como causa - coloniais e pós-coloniais - e da similitude dos biliões em leilão (1.3, 1.7 e 1.8 biliões EUR), há uma outra coincidência que atravessa esta trilogia numérica: a obsessão por um déficit - por parte do credor público português. Um personagem para quem os números não têm que ter memórias ... nem sequer futuros históricos. provavelmente, esta intrigante coincidência de fluxos e cronogramas financeiros não passará de um mero acaso. E, no limite, seria abjecto imaginar a Hidroeléctrica de Cahora-Bassa (HCB) como o abono militar dos ex-combatentes do ultramar PP. Contudo, e muito embora seja diferente a raiz de cada uma destas supostas dívidas das ex-colónias a Portugal, é triste constatar que, lamentavelmente, o FMI e Banco Mundial insistem em fazer pressão só por um lado - como no caso de Angola por exemplo. E que se calem - ou escondam - num caso como Cahora-Bassa. Sobretudo numa época em que Bretton Woods, e a Europa de Portugal, apregoam o alívio da dívida como primeira plataforma contra a pobreza. lamentavelmente, tudo indica que Sá Carneiro não deixou discípulos entre os seus pares. josé lopes maio 2004 |