A BHP Billiton (BHPB) e Eskom começaram a negociar uma nova extensão da Mozal (fase 3) - em Moçambique, e uma quarta expansão do smelter Hillside na África do Sul.

 

Para a BHP Billiton, a viabilidade destas expansões dependerá de um bom contrato com a sul-africana Eskom.

 

Mahomed Seedat (vice presidente e COO da BHPB para a África Austral) admitiu no entanto que, em termos eléctricos, existem dificuldades a superar: " a África do Sul está realmente curta em potência de ponta ".

 

Sinais de Fumo

 

 

À parte os últimos ciúmes em Coega, onde um concorrente da BHP Billiton vai instalar um smelter de 460,000 tpa, o entendimento entre a BHPB e Eskom não parece difícil.

 

Em particular se se considerar que: (1) entre outros interesses carboníferos, a BHP Billiton detem 100% da empresa sul-africana Ingwe, o maior exportador mundial de carvão de queima e, (2) que a Eskom procede actualmente a um rápido programa de descongelamento (de-mothballing) de algumas mega-centrais térmicas a carvão.

 

 

Tudo indica portanto que, uma vez mais, a BHPB e Eskom estejam a caminho de realizar excelentes negócios na produção de carga base - a partir do carvão. E muito embora não se conheçam ainda os detalhes quanto à potência de ponta, há analistas prevendo que não será difícil comprar viagra na região - ou diluído em gás natural (Moçambique), ou em hidro-electricidade  do Zambeze e/ou Inga, sem contar com o radioactivo PBMR, onde a Eskom continua a afogar tesouros públicos.

 

Curiosamente, na indústria do alumínio ... nem tudo o que parece é.

 

E, neste oceano de emissões, ocorre que a BHP Billinton anda a enviar intrigantes sinais de fumo quanto aos seus fornos de alumínio.

 

Isto porque desde há tempos que o grupo anda a tentar vender uma peregrina ideia: separar o mercado da alumina do de alumínio. Ou seja, romper o tradicional pricing link alumina-alumínio.

 

Candidamente sentado em 4.3 milhões tpa de alumina (projecção 2004/5), Mike Salamon (director executivo da BHP Billiton) tem vindo a explicar  os fundamentos desta revolucionária proposta:

 

a  prazo, os grandes lucros estão na alumina

não no alumínio!

 

Razão pela qual, concluo eu, importa drenar os lucros dos smelters de alumínio para os refinadores de alumina - pelo menos para quem detem várias jóias no reino da alumina, como a bacia de Worsley (Austrália) ... e uma atenção no Gana por exemplo.

 

Neste entretanto, o boom alumineiro na China continua a agitar o mercado da alumina: de $ 115/ton em Novembro 2002, o preço prepara-se para transpor os US $ 300. E a BHPB prevê mesmo que, a curto prazo, se ultrapasse a barreira dos US $ 500. O que, ainda segundo Salamon (BHPB), se trata de uma boa razão para justificar o intenso enfoque do seu grupo na aquisição e controle de novos depósitos de bauxite.

 

Embora estas posições da BHP Billiton pareçam contradizer a sua recente lógica de plantação de fornos no Índico, elas são certamente resultado de uma estratégia de longo prazo e, a este propósito, há até quem conte a velha estória do merceeiro.

 

Era uma vez um merceeiro que queria vender alumina a lucros chorudos.

 

Com felino alcance estratégico, o merceeiro começou a plantar smelters de alumínio, e a forçá-los a comprar a alumina via gordos contratos de longa duração.

 

Como também havia carvão na loja - uma porcaria cada vez mais difícil de exportar -, o merceeiro sonhava em matar dois coelhos com uma só cajadada: criar uma duradoura e lucrativa dependência de alumina na região e, en passant, vender carvão.

 

O negócio tinha ainda outras vantagens que, por razões fiscais, não apareciam internalizadas na contabilidade. De facto, e porque a mercearia estava montada em zonas não abrangidas pelas metas de Kyoto - ao contrário da Austrália por exemplo -, o dono da loja não tinha que se preocupar com qualquer taxa de carbono. O que lhe garantia total inimputabilidade quanto à emissão dos gases de estufa.

 

Manhoso, e sabendo que os smelters de alumínio nunca foram a sua ambição estratégica - ao contrário da alumina -, o merceeiro passava a vida a espreitar a hora de sair deste emaranhado de poluições. Particularmente porque era cada vez maior o número de gajos chatos preocupados com convenções climáticas e a protecção da Terra. Uma complicação que, a prazo, não valia os lucros do alumínio.

 

Por isso mesmo, logo que os novos dependentes da alumina estivessem agarrados aos seus contratos de longa duração, o merceeiro encetaria a venda dos smelters a grupos locais - se possível com largas margens financeiras subsidiadas por um qualquer pacote LEE (Local Economic Empowerment).

 

Um dia, um idiota entrou pela mercearia adentro e perguntou-lhe:

 

mas atão, para além de meia dúzia de empregos, de um pequenito impacto socio-económico, e de uma mega lixeira em mavoco, afinal o que é fica disto tudo?

 

Cândido, o merceeiro retorquiu-lhe:

 

gases meu caro.

atão não os cheira ?

 

josé lopes

 

mavoco - moçambique

dezembro 2003

 

Gana

 

uma mega refinaria de bauxite / alumina ?

 

E. Ablorh-Odjidja comenta o investimento de 1 bilião USD proposto pela BHP Billiton ao governo do Gana,

 

e recorda os planos de Kwame Nkrumah para a barragem de Akosombo - pouco antes de ser  afastado do poder.

 

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