a EDM, o Banco Central e a baixa de Maputo
Goste-se ou não, desde há anos que Maputo se tornou palco de uma corrida imobiliária desenfreada onde, paradoxalmente, pontifica uma EDM alheada do processo já que poucas ou nenhumas infra-estruturas eléctricas tem construído, especialmente na frenética baixa da cidade; como é óbvio, por ali a qualidade da distribuição eléctrica tem decaído a olhos vistos e, a par de constantes oscilações e interrupções, as múltiplas explosões e acidentes há muito que ultrapassaram o limiar da decência de um serviço público de electricidade.
Estranhamente, em lugar de activar os seus recursos técnicos e financeiros na resolução destes graves problemas, a direcção EDM (Electricidade de Moçambique) insiste em cruzar braços e mais não faz do que queixar-se de tudo e de todos.
Foi exactamente o que aconteceu há dias quando, num intervalo dos afazeres multi-tasking em que passa grande parte do seu tempo, o PCA da EDM por duas vezes se lamentou publicamente da falta de informação a que é votado pelas autoridades municipais e predialistas: primeiro, numa entrevista ao Domingo onde, a propósito da confusão eléctrica que reina na baixa de Maputo, um hipotético memorandum de entendimento entre a EDM e o município de Maputo foi apontado como a luz no fim dos túneis da desinformação sobre projectos e licenciamentos imobiliários – sucede que, tanto quanto sei, tudo isto são matérias mais que legisladas e regulamentadas que, sabe-se lá porquê, têm vindo a ser remetidas ao esquecimento.
Três semanas depois, numa segunda entrevista mas agora a O País, o PCA da EDM voltou ao assunto e, como que para realçar o pato-bravismo que grassa no imobiliário da baixa de Maputo, citou a nova sede do Banco de Moçambique (BdM) como o caso mais paradigmático; segundo o PCA, a EDM não tem 8 MW para fornecer o BdM porque nunca foi atempadamente informada – recorde-se contudo que há anos que todo o Maputo sabe desse projecto.
Embora o PCA da EDM não saiba onde ir buscar os tais 8 Megawatts, eu sei, e aqui generosamente uma vez mais lhe ofereço uma solução: converse com o seu colega dos CFM (Porto de Maputo) e, entre gestores públicos, negociem um fornecimento eléctrico para a baixa de Maputo a partir da rede CFM – uma sólida rede de média tensão (11 kV - ver figura seguinte) que já está equipada e pronta para boa parte de tais desígnios.
josé lopes
maio 2013
ps – já agora: quando é que a EDM publica os resultados do inquérito à explosão mortal na SE 66 kV da Central Térmica?
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baú xitizap (mar 2003/jun 2010) |
posfácios:
A - O erro da Eskom (out 2010)
B - Mozal - fuma$$as em bypass (mar 2011) … ainda em trabalhos
C - Electrões aos ZigZags (abril 2011)
D- Mistérios na barragem Mphanda Nkuwa (junho 2011)
E - Tete, Moatize, Cateme e a Vale (jan 2012)
F - o Bom, o Mau e o Feio (mar 2012)
Titanopólio (junho 2012)
Energy and Mining Corridors 2020 ( jun 2012)
G - Quo vadis EDM? (fev 2013)
Corredores mineiro-energéticos 2020
Impactos marítimos do Afro-Índico no Canal de Moçambique
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