Regresso ao futuro?

 

Quando em meados de 2011 se der início à exportação anual de milhões de toneladas de carvão de Tete através do porto da Beira, tudo indica que a linha-férrea de Sena (673 km) será circuito exclusivo de locomotivas diesel.

 

Tudo indica também que, por essa mesma altura, o preço do diesel possa já ter ultrapassado os patamares pré-recessão ( ≥ $ 1,000/tonelada), o que, naturalmente, implicará uma nada-negligenciável factura energética para os CCFB 1  - e para a balança de pagamentos de Moçambique.

 

E porque estamos exactamente no princípio de um novo ciclo ferroviário, pareceu-me oportuno voltar a interrogar-me, em termos de pegada energética, quanto ao modo de tracção que, a partir de 2014/16, escoará estes enormes tráfegos de carvão (6-10 biliões ton.km/ano).

 

Felizmente, o quadro de partida é multifuel … e muito rico.

 

Como entrada, há pelo menos duas hipóteses energéticas à mão: a electricidade gerada em Cahora Bassa (e eventualmente em Moatize), e o próprio carvão de Tete.

 

Diesel é que parece que não! … a não ser o estrictamente necessário em zonas de manobra intensiva (plataformas de desdobramento e portos, p.e.).

 

Entretanto, neste empolgante desafio entre tracções ferroviárias em que o velho-diesel será obrigado a desnudar a sua inconveniente verdade operacional, a eficiência e versatilidade de uma tracção eléctrica aparentemente cara não poderá deixar de ser confrontada com os reduzidos custos de investimento e de operação (e até de eficiência!) que as modernas locomotivas a carvão oferecem.

 

Surpreendente, pelo menos para mim, é o facto de as implicações ambientais resultantes da utilização de locomotivas a diesel, eléctricas-puras e/ou a carvão no transporte do carvão de Tete não serem assim tão desequilibradas.

 

josé lopes

julho 2009

 

Mil e tal quilómetros a Sul de Moatize/Benga… e viajando numa das novas automotoras CFM-Sul – excelentes! Alto serviço público!

Contudo, ao longo de grande parte desta viagem, não deixei de pensar na possibilidade de se usar gás natural nestas automotoras.

 

(1) A Companhia Caminhos de Ferro da Beira formada pelos Caminhos de Ferro de Moçambique e a RICON, uma “joint venture” de origem indiana, é a concessionária do Sistema Ferroviário da Beira (Linhas de Sena e de Machipanda) por um período de 25 anos, a partir de 10 de Dezembro de 2004 até 2029 – in Notícias

 

 

Numa época em que, da Austrália aos EUA, passando pela China e Argentina, as novas locomotivas a vapor parecem apostadas num regresso triunfal ao transporte de carvão das minas para os portos de exportação e centros de consumo, em Perth (Conference on Railway Engineering – Set 2008) Chris Newman expôs uma convincente análise de viabilidade da moderna tracção a vapor.

 

Click e leia

 

Linha de Sena

673 km transporte de carvão

Kariba cheia

acelerações

pontos de vista

 

em ambientes Windows XP, a nova versão do Internet Explorer não está a permitir a visualização das barras de navegação de websites baseados em MS Publisher - julgo ter mitigado (ah, ah) a questão, pelo menos neste xitizap # 47.

Text Box: julho 2009