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Energia e Agro-Negócios
há séculos que não dava com coisa tão difícil como esta dos agro-combustíveis em Moçambique.
A dificuldade não deriva de qualquer particular complexidade na modelação da nossa matriz de consumo energético; por aí, a coisa parece-me confortavelmente previsível:
. para mim, nos próximos 10/15 anos o impacto energético dos agro-combustíveis no sector de transportes de Moçambique será marginal, ou mesmo irrelevante, face ao peso dos tradicionais combustíveis fósseis, e dificilmente eles poderão vir a fazer mossa à penetração do gás natural e das novas tecnologias motrizes (híbridos e fuel-cell/hidrogénio). E acho mesmo que, a nível de balança de pagamentos, até o breakeven será difícil.
Daí muito do meu cepticismo quanto ao potencial agro-combustível na matriz de consumo em Moçambique, e daí também a noção, seguramente simplista admito, de que, por aqui, os agro-combustíveis não devem ser tratados como uma questão energética, mas tão só como uma opção de Agro-negócios – uma opção por modelos centrados na exportação de culturas ditas de rendimento.
Creio que a minha real dificuldade com o tópico deriva é das múltiplas incógnitas quanto ao papel que o Etanol e Biodiesel desempenharão, ou não, na matriz energética da Europa, EUA e Chinindia - uns blocos que, apanhados na contramão da crescente escassez petrolífera e das alterações climáticas, desesperadamente buscam paliativos energéticos que lhes permitam combinar a manutenção de insustentáveis padrões de consumo com putativas mitigações ambientais. Subsidiariamente, vale a pena recordar que grande parte deste imbróglio energético se deve à inacção a nível da pesquisa e desenvolvimento tecnológico das energias renováveis por parte dos suspeitos do costume. Uns hegemónicos que, mais ou menos deliberadamente, atrasaram a emergência de novas tecnologias motrizes, por exemplo.
Incidentalmente, note-se que, há poucos dias (Set 11, 2007), a insuspeita OCDE apresentou um documento intitulado "Bio-combustíveis: uma Cura Pior que a Doença?" onde se considera que "a tendência actual em prol dos bio-combustíveis cria tensões insustentáveis que agitarão os mercados sem gerar benefícios ambientais significativos". O documento chama ainda a atenção para a "importante" área cultivável que a produção dos bio-combustíveis virá a ocupar, para os preços da alimentação e da água e para as vantagens que se prevêem como "muito limitadas". Ainda segundo este documento OCDE, os bio-combustíveis apenas poderão reduzir em 3%, no máximo, as emissões de gases com efeito de estufa numa União Europeia em que os transportes rodoviários consomem 24% da energia e são responsáveis por 12% das emissões de gases responsáveis pelo aquecimento global.
Este relatório OCDE é muito curioso exactamente porque uma das grandes dúvidas que me fustiga os neurónios é esta:
. na Europa, USA e Chinindia os agro-combustíveis serão apenas um paliativo que interinamente adoçará a espera pelo novo choque tecnológico motriz (10 anos)?, ou serão os agro-combustíveis uma aposta energética global suficientemente estruturante para as novas culturas de rendimento? Que haverá de comum entre os agro-combustíveis e o cacau e algodão por exemplo?
E é muito por aqui que as minhas dúvidas espiralam já que, para Moçambique e boa parte de África, apostas massivas nos novos Agro-negócios do Etanol e Biodiesel implicam, não apenas alterar profundamente alguns modos de produção e respectivos tecidos sociais, mas também investir paradas muito fortes em Terras e Águas num trajecto em que a única coisa certa é a irreversibilidade.
Todavia, o que também é facto é que a hora das Apostas está a chegar e, como refere a McKinsey, “a indústria (do Biofuel) ainda está na sua infância mas em rápido desenvolvimento. As empresas que aspirem competir (neste mercado) terão que delinear, agora, a sua estratégia de entrada.”
a coisa não está fácil para os Homens, Terras e Águas - muito menos para os decisores.
Boa sorte !
josé lopes
Mogovolas, Setembro 2007
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xitizap # 35
setembro 2007 |
SOS CAHORA BASSA Mais de 200,000 vítimas das recentes cheias no Zambeze continuam a perguntar à Hidroeléctrica de Cahora Bassa: HCB estás muda porquê ? ajude-nos a passar esta mensagem via e-mails, blogs, webpages, flyers, outdoors, SMS |
a 2 meses da próximas chuvas, as vítimas das Cheias HCB / Zambeze continuam em “condições deploráveis”. |
outubro 29, 2007
em abrupta cascata, a EDM e o Ministério da Energia (ME) lançaram, em 3 dias, 3 concursos sobre questões fundamentais da vitalidade energética em Moçambique.
a saber: (i) benefícios fiscais em concessões eléctricas, (ii) estudo de opções de análise (sic) para integração de Temane, Moatize e Mpanda em adequado sistema de transmissão e (iii) estudo de optimização de planeamento e em menores custos de transmisão EDM (uma manifesta redundância EDM).
Todos estes concursos são financiados pelo Banco Mundial (IDA Credit 3819/Moz), e todos eles exibem um exótico timing – anunciados em finais de Outubro 2007 (25 e 29), todos estes estudos IDA Credit 3819/Moz deverão estar feitos antes de 31 de Dezembro 2007. Sui generis procurement, no mínimo.
Situe-se portanto a confusão…em particular quando se pretende apoiar os IPPs. |
in Notícias (29 Out)
Nos últimos anos, o Ministério de Agricultura tem sido confrontado, constantemente, com pedidos de áreas de terras para biocombustíveis, contabilizando neste momento, cerca de três milhões de hectares solicitados em todo o país.
Para melhor lidar com esta corrida, o Conselho de Ministros decidiu paralisar a concessão dos pedidos e criar uma comissão interministerial com responsabilidades para fazer um estudo pormenorizado da problemática da gestão da terra e recomendar ao Governo as medidas adequadas por forma a garantir a segurança alimentar.
Segundo explicou Erasmo Muhate, Ministro da Agricultura, esta medida de congelamento do atendimento dos pedidos de grandes porções e zoneamento agrário visa ainda racionalizar a sua concessão, pelo que até 31 de Outubro (quarta-feira), deverão ser conhecidas as dimensões das áreas disponíveis no país, para todas actividades, sobretudo para a produção agrária e de biocombustíveis.
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