Mutarara flash

hidrodinâmicas no Zambeze

um cluster em Mogovolas

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soltas

 

 

 Zambeze – um outro lado das cheias

 

Cahora Bassa foi bem gerida?

 

Os recentes picos de cheia no Zambeze poderiam ter sido evitados e, em minha opinião, eles constituem uma nova demonstração do perigo em se enfeudar águas ao economicismo hidroeléctrico.

 

Comece-se por notar que, ao contrário das cheias de 1978, 1989, 1997 e 2001, neste dramático Fevereiro 2007 a contribuição dos escoamentos de Kariba em Cahora Bassa foi praticamente nula.

 

Na verdade, o lago de Kariba (Zimbabwe/Zâmbia) está num dos seus mais baixos níveis de sempre (17% de enchimento) o que, teoricamente, deveria representar não só o anular da sempre crítica imprevisibilidade destes megafluxos em Cahora Bassa, mas também, hélas, uma raríssima simplificação da equação hidrológica no Zambeze moçambicano.

 

Paradoxalmente, e muito embora a HCB continue remetida a um inaceitável e plúmbeo silêncio, eu julgo que terá sido exactamente este factor – Kariba vazia – um dos principais determinantes do que considero serem erros de gestão hidroeléctrica por parte da HCB e autoridades laterais.

 

Erros que, a terem existido como aqui sugiro, conduziram às dramáticas pontas de cheia deste Fevereiro 2007.

 

Em termos sumários,

é esta a minha linha de raciocínio.

 

Preocupada com 3 anos de baixíssimos níveis em Kariba, mas sempre muito ávida em maximizar proveitos, na estação 2006/7 a HCB insistiu em adoptar uma curva-guia de exploração apostando em mais 2 ou 3,000 GWh do que devia. E, iludida por uma Kariba vazia, a HCB deixou-se encher em demasia - não obstante as previsões pluviométricas emitidas em Outubro/Novembro 2006.

 

Sucede que, nesta ansiosa busca de dólares-extra, a HCB (Hidroeléctrica de Cahora Bassa), mesmo apesar de cada vez mais “nossa”, parece ter cometido dois graves erros de gestão hidrológica:

 

1.   a montante, a HCB subestimou as contribuições das redes zambianas de Kafue e Luangwa; umas sub-bacias que, não tão infrequentemente como isso, representam não só mais de metade dos usuais influxos Cahora Bassa, mas também pontas de cheia que, como na rede Luangwa, chegam a superar os 10,000 m3/s como no caso de 1989.

 

2.  a jusante, a HCB subestimou grosseiramente a importância das redes afluentes de Norte (Shire, Revuboe, etc) e de Sul (Moz/Zim). Um erro que, na zona de Mutarara / Caia, pode ter significado ignorar que, às suas já imensas descargas de 8,400 m3/s, havia que acrescentar pelo menos outro tanto destes agitados tributários.

 

Este desequilibrado armazenar de água em detrimento da segurança de pessoas e bens pode e deve ser evitado.

 

E, desde logo, eu sugiro que, para além de uma mais criteriosa e humana ponderação de riscos, à HCB passe a ser imposta a internalização dos custos de todas estas desgraças. Talvez só assim se possa começar a colocar Vida acima de GWh.

 

E porque eu sei que é grave, e frequentemente desonesto, extrapolar provas com base em presunções e/ou factos circunstanciais, em particular quando se está perante tamanha desgraça humana, eu daqui convido a HCB a colocar todos os seus dados na mesa -  para que todos a interpretem.

 

josé lopes

 

fevereiro 2007

e ainda a meio da época chuvosa

 

 

 

xitizap # 31

março 2007

 

 

 

Um mês depois da eclosão destas Pontas de Cheia, 163 mil pessoas permanecem deslocadas no Vale do Zambeze - 107,534 moçambicanos vivem em 40 centros de acomodação, enquanto que 55,511 estão acomodados em centros de reassentamento criados aquando das cheias de 2001.

 

Estimativas governamentais indicam que serão necessários pelo menos USD 71 milhões para tratar da vida destas pessoas.

 

 

 

HCB

 

podes tentar esconder-te,

escapar é que duvido.

 

 

embora

a Hidroeléctrica de Cahora Bassa continue incompreensivelmente muda quanto à gestão da albufeira de Cahora Bassa, como se as Pontas de Cheia lhe tivessem passado ao lado, pouco a pouco começam a compilar-se dados que permitirão refinar a análise do caso por especialistas nacionais e internacionais.

 

 

 

 

cheias

 e   Pontas de Cheia

 

Noto que alguns parlamentares não diferenciam entre Cheias e Pontas (ou Picos) de cheia.

 

 

 

 

Com o que vem aí de análise às Pontas de Cheia no Zambeze (Mutarara/Caia, Fevereiro 2007) convém irem-se habituando.

Text Box: D. Ribeiro

 

já agora …

quanto à atenuação de cheias no Zambeze numa felizmente adiada Mphanda Nkuwa, vale a pena citar uma conclusão sistematicamente referida nos estudos que custaram mais de USD 18 milhões:

 

Mphanda Nkuwa operará como central a fio-de-água. A capacidade do reservatório é insuficiente para alterar os padrões de fluxos sasonais, e as cheias não serão atenuadas.”     (fonte: UTIP)

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  Reacções

   e comentários preliminares


click & leia

Cahora Bassa

The dam was approaching its capacity on February 8, said OCHA, when the Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) on NASA’s Terra satellite captured the top image.

The image shows the western shore of the Cahora Bassa Reservoir where the Zambezi and its tributary, the Luangwa River, form the back edge of the lake. The dam itself is beyond the right edge of the above image, but is shown in the large image. The lower image shows the region on December 24, 2006, before the rains started. By February 8, the reservoir had expanded to the confluence of the two rivers. The Luangwa River had also widened well beyond its dry-season banks. The water in the Cohora Bassa Reservoir lightened from blue-black to a dusty blue with the influx of muddy flood water.

in http:earthobservatory.nasa.gov

 

Hidroeléctrica de Cahora Bassa

Presidente do Conselho de Administração

 

Maputo, Março 14, 2007

Assunto: Cheias no Vale do Zambeze

 

Exmo. Senhor

 

Profundamente chocado com a catástrofe que se abateu sobre pessoas e bens ao longo do Vale do Zambeze, mas ainda incapaz de compreender os determinantes ambientais que a causaram, venho por este modo solicitar a Vossa Excelência que se digne disponibilizar-me as seguintes informações:

 

1. Carta de Riscos Hidrodinâmicos actualmente utilizada pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa.

 

2. Para a Albufeira de Cahora Bassa, e nos períodos Novembro a Março dos anos 2007, 2006 e 2005: Afluências agregadas mensais, Cotas diárias, Descargas diárias efectuadas via descarregadores.

 

3. Estimativa dos caudais diariamente turbinados nos períodos Novembro a Março para os anos 2007.

 

Permita-me notar Senhor PCA da HCB que estas são informações normalmente publicadas pelas Grandes Barragens.

 

Atenciosamente

 

José Lopes

 

cidadão moçambicano   mail@xitizap.com

 

c.c. Presidente da Assembleia Geral da Hidroeléctrica de Cahora Bassa

 

SOS  CAHORA BASSA

 

Mais de 200,000 vítimas das recentes cheias no Zambeze continuam a perguntar à Hidroeléctrica de Cahora Bassa:

 

HCB estás muda porquê ?

 

ajude-nos a passar esta mensagem via e-mails, blogs, webpages, flyers, outdoors, SMS …

 

 

HCB estás muda PORQUÊ ?

 

HCB is still silent, WHY ?

 

Queixa-Crime

contra a Hidroeléctrica de Cahora Bassa HCB

 

Petition

against Hidroeléctrica de Cahora Bassa

HCB